O Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) lançou um mapeamento atualizado do risco de queimadas nas regiões brasileiras. De acordo com o mapa, gerado com dados deste dia 14 de junho, houve mudança das regiões mais afetadas por incêndios florestais, em comparação com o mês passado.
É que enquanto em meados de maio os incêndios estavam concentrados na região central do País, atualmente, as áreas mais propensas ao fogo estão no Nordeste (Veja no mapa abaixo).
É o caso de Matopiba, fronteira agrícola que resulta da confluência de territórios do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Matopiba tem sido impactada por temperaturas de até 5 °C acima da média histórica. Ou seja, está muito mais quente que era no passado, com dias com calor intenso mais frequentes.
O risco de queimadas ainda atinge áreas do Sudeste e Centro-Oeste. Já na Amazônia, o registro de chuvas em torno ou acima da média histórica reduziu o risco de queimadas neste mês de junho.
O mapa do risco de queimadas, gerado pelo Laboratório Lapis, integra informações das previsões de parâmetros meteorológicos, das últimas 24 horas. São eles: temperatura, umidade relativa do ar, velocidade do vento e precipitação acumulada, do modelo europeu European Centre for Medium-Range Weather Forecasts (ECMWF).
Os mapas também integram informações da cobertura vegetal, com dados do satélite GOES-19, calculadas para cada pixel, na resolução espacial do GOES-19, para a América do Sul. As classes do risco de incêndios variam desde a intensidade forte até fraca, com áreas identificadas por cores diferentes, em cada região.
Recentemente, uma pesquisa publicada pelo Laboratório Lapis sobre como conter o risco de grandes incêndios florestais na Amazônia, com práticas de manejo controlado da queima da vegetação, fora do período de seca. Uma das conclusões do estudo é que evitar o fogo no pico da seca na Amazônia pode ajudar na mitigação climática e na manutenção da floresta.
Em geral, os maiores focos de incêndios florestais se concentram nas áreas com maior incidência de seca. Por isso, o Laboratório Lapis também lançou mapeamentos sobre a atual situação da seca nas regiões brasileiras e dos seus impactos sobre a cobertura vegetal.
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O mapa mensal do número de dias secos mostra as regiões brasileiras com ausência de chuva, pelo menos nos últimos 30 dias consecutivos. No mapa, as áreas na cor vermelha indicam onde não ocorreu chuva, durante o período de 07 de maio a 05 de junho. Já as cores do mapa que vão desde o verde até o azul destacam áreas com chuvas mais regulares, durante o período.
Nos últimos 30 dias, a seca continua na área central do Brasil, que abrange parte do Sudeste, do Centro-Oeste e de Matopiba, além de áreas pontuais da Amazônia. Em relação ao mês anterior, houve redução da seca no Mato Grosso e em áreas do norte do Nordeste. No lado oposto, a quantidade de chuva aumentou na região Sul, no extremo Norte e na costa leste do Nordeste.
Desde o início de abril, um bloqueio atmosférico afeta grande parte do País, principalmente as regiões Sudeste e Centro-Oeste, além de áreas do Nordeste, especialmente da região de Matopiba.
Aquecimento global e ações humanas provocam uma nova tipologia de seca, chamada "secas-relâmpago" e agravam as secas já existentes. As "secas-relâmpago" (flash-droughts, do termo em inglês), é um extremo climático de curta duração e forte intensidade, associadas às altas temperaturas. Essa nova tipologia de seca, decorrente da mudança climática, afeta severamente umidade do solo, vegetações, ecossistemas e prejudica as colheitas.
O pesquisador Humberto Barbosa, fundador do Laboratório Lapis, pesquisa esse tipo de extremo climático no Semiárido brasileiro. Foi a primeira pesquisa sobre o assunto no Brasil e na América Latina.
O mapeamento do Laboratório Lapis foi feito com dados do satélite SMAP (Soil Moisture Active Passive – Umidade do Solo Passiva e Ativa). O mapa, gerado no software livre QGIS, permite identificar as condições da umidade do solo nas diferentes regiões brasileiras, sob influência das condições hídricas de cada localidade.
O mapa da umidade do solo é um produto de satélite que permite detectar, da forma mais imediata, situações de seca ou saturação do solo. Em especial, secas-relâmpago, geralmente rápidas e de curta duração, com impactos severos sobre a vegetação e umidade do solo.
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O mapa semanal da precipitação, baseado em dados de satélite, destaca o volume e a distribuição das chuvas nas regiões brasileiras, no período de 28 de maio a 1º de junho. De acordo com o mapa de monitoramento do Laboratório Lapis, durante o período, as chuvas regulares se concentraram na costa leste do Nordeste e no oeste do Brasil, desde a Amazônia até a região Sul.
Como você pode observar no mapa, a irregularidade das chuvas predominou desde a área central do Brasil até algumas microrregiões do Nordeste.
O mapa da precipitação faz parte do portfólio de produtos de monitoramento por satélite, do Laboratório Lapis. Com essa ferramenta, é possível se manter atualizado sobre a distribuição das chuvas, em qualquer área do território brasileiro, com frequência mensal ou semanal.
O mapa semanal foi gerado no software livre QGIS, a partir do cálculo do Índice de Precipitação Padronizado (SPI). Esse índice permite analisar a duração, frequência e gravidade das secas meteorológicas, usando dados do Climate Hazards Group InfraRed Precipitation with Station data (CHIRPS).
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O Laboratório Lapis monitora semanalmente a situação da cobertura vegetal nas regiões brasileiras, a partir de dados de satélites. O mapa atualizado foi gerado no software livre QGIS, a partir do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI), com dados do período de 26 de maio a 1º de junho.
Você pode observar, no mapa, a recuperação da cobertura vegetal em quase todo o Brasil. Inclusive, no Nordeste brasileiro, houve uma recuperação importante da cobertura vegetal. Todavia, em algumas localidades (destacadas em vermelho, no mapa), a demora na recuperação da cobertura vegetal se deve à memória da seca intensa e às altas temperaturas.
Desde as últimas semanas de maio, o Nordeste passou a receber chuvas mais regulares, principalmente a porção norte do Nordeste. As recentes chuvas chegaram após uma seca intensa que afetava a região, desde fevereiro.
O mapa foi processado com dados do satélite Meteosat-10, com resolução de 3 km. O NDVI é um dos indicadores mais importantes para monitoramento das áreas com vegetação saudável ou sob impactos da seca.
Em 2009, o Laboratório implantou um protótipo para gerar o mapa de NDVI de frequência diária, para todo o Brasil. Esse modelo foi aperfeiçoado e calibrado, de modo que hoje, são divulgados mapas semanais cobrindo todo o território brasileiro. O produto foi processado com dados do satélite Meteosat-10 e resolução de 3 km.
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Os mapas e produtos de satélites utilizados neste post fazem parte do portfólio de produtos de monitoramento do Laboratório Lapis. Se você quer dominar o software livre QGIS, para gerar mapas e produtos de monitoramento por satélite, você tem a oportunidade de passar 01 inteiro sendo treinado pela equipe do Laboratório Lapis. Para dominar as Geotecnologias, até o nível avançado, inscreva-se para o Curso de QGIS “Mapa da Mina”.
LETRAS AMBIENTAIS. [Título do artigo]. ISSN 2674-760X. Acessado em: [Data do acesso]. Disponível em: [Link do artigo].
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