Brasil tem grande redução de áreas sob seca extrema em maio


Mapa das anomalias da temperatura dos oceanos.


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O Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) lançou um novo mapa de monitoramento da situação climática nas regiões brasileiras.

De acordo com o mapa do Índice de Precipitação Padronizado (SPI), no período de 11 a 20 de maio, houve redução signifivativa das áreas atingidas por seca extrema ou excepcional.

Mapa da intensidade da seca_QGIS

Desde abril, um bloqueio atmosférico afeta grande parte do País, principalmente as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, além de áreas do Nordeste, especialmente da região de Matopiba.

O tempo seco é uma condição típica para o Sudeste e Centro-Oeste, nesse período. A ausência de chuvas nessas áreas, nas últimas semanas, deve-se à influência de uma massa de ar seco. Ela deixa o céu claro e serve de obstáculo à passagem de frentes frias — que no fim do outono, provocam chuva.

Já na Amazônia, houve registro de chuvas na média ou acima da média histórica. O mapa é baseado em dados do Climate Hazards Group InfraRed Precipitation with Station data (CHIRPS).

O céu claro aumenta a radiação solar que chega à superfície do mar. Esse fenômeno, assim como a maior circulação de ventos na atmosfera, forma um sistema de alta pressão sobre o oceano Atlântico. Como a radiação solar é intensa, as temperaturas sobem, assim como o índice ultravioleta.

>> Leia Também: Mapas comparam impacto da seca na vegetação do Nordeste com mesmo período do ano passado

Onda de calor no Atlântico equatorial aumenta chance de chuva no Nordeste

Mapa com águas mais frias do Atântico_QGIS

A temperatura média das águas do Atlântico equatorial exerce influência importante no clima do Norte e Nordeste. Atualmente, uma onda de calor marinha excepcional ocorre nessa área oceânica, favorecendo as chuvas nessas regiões.

De acordo com o meteorologista Humberto Barbosa, fundador do Laboratório Lapis, nas últimas semanas, as águas do Atlântico Sul, próximo à costa leste do Nordeste, estavam mais frias que o normal (Veja no mapa acima). Porém, ventos de leste, vindos da África, espalharam e trouxeram águas mais aquecidas para a região, favorecendo chuvas (Veja no mapa abaixo). Ao mesmo tempo, na atmosfera, ondas de leste favoreceram chuvas intensas e tempestades na região.Mapa da temperatura do Atlãntico_QGIS

As temperaturas da superfície do Atlântico, próximas à costa do Nordeste, estão pelo menos 1,5 °C mais quentes que o normal, em relação à média histórica.

Os mapas permitem comparar a variação das temperaturas do Atlântico Sul, no último dia 19 de maio com a média das últimas duas semanas. Você pode ver que, apesar das águas mais frias que o normal naquela região oceânica, elas estão mais quentes próximo à costa leste do Nordeste. É um aquecimento anormal, suficiente para provocar tempestades, mesmo que isoladas.

As atuais temperaturas do Atlântico tropical são similares às observadas nesse mesmo período de 2019. Nas últimas duas semanas, houve um aumento das temperaturas mais frias, no centro-leste e na área central do Atlântico Sul.

Curiosamente, as águas do Atlântico Sul tropical mais frias em 2019 também coincidiram com a neutralidade climática do El Niño Oscilação Sul (ENOS). As tempestades que se formam, próximo à costa do Nordeste, têm energia disponível, ainda que sob condição de neutralidade climática.

As informações sobre temperaturas do Atlântico são geradas pela NOAA e atualizadas pelo Lapis. Você pode acompanhar essa variação, em especial para o Atlântico Sul, que apresenta melhor correlação com o regime de chuva e temperatura no Norte e Nordeste.

>> Leia também: O La Niña acabou, e agora? Saiba como fica o clima nas regiões brasileiras

Mapeamento mostra impacto da seca sobre vegetação do Semiárido

Mapa da vegetação do Semiárido_QGIS

Esta semana, houve uma melhoria importante nos volumes de chuva na porção norte do Nordeste, trazendo um alívio aos agricultores. Mas a cobertura vegetal da região ainda mostra os impactos da seca, que afetou a região desde o mês de março.

O Laboratório Lapis lançou um novo mapeamento da situação da cobertura vegetal do Semiárido brasileiro. A análise mostra áreas com cobertura vegetal saudável ou sob impactos de seca. O mapa semanal foi gerado no software livre QGIS, com dados do satélite Meteosat, do período de 12 a 18 de maio. Veja também o resultado do mapeamento para todas as regiões brasileiras. 

Mapa da cobertura vegetal_QGIS

De acordo com o mapa, nas primeiras semanas de maio, a recuperação da cobertura vegetal ocorreu em áreas da porção norte da região, desde o Ceará até o Maranhão, além do norte de Minas Gerais. Já desde a Bahia até o Rio Grande do Norte, os impactos da seca sobre a vegetação estavam intensos. Com as chuvas recentes na região, a cobertura vegetal deve apresentar sinais mais claros de recuperação, nas próximas semanas.

No mapa, é possível detectar a existência de áreas degradadas (áreas em vermelho intenso). Já as áreas em vermelho e amarelo indicam sinais de vegetação seca, sendo as mais afetadas pela massa de ar seco persistente na região, pelo menos desde março.

Esse tipo de mapeamento permite detectar não só o início e o fim de uma seca, mas também monitorar sua intensidade, duração e impactos. Em especial, permite identificar secas-relâmpago. São secas rápidas e de curta duração, associadas a altas temperaturas, com impactos severos sobre a vegetação e umidade do solo.

Em 2009, o Laboratório implantou um protótipo para gerar o mapa do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI), de frequência diária, para todo o Brasil. Esse modelo foi aperfeiçoado e calibrado, de modo que hoje, são divulgados mapas semanais cobrindo todo o território nacional. O produto foi processado com dados do satélite Meteosat-10 e resolução de 3 km.

>> Leia também: Laboratório divulga previsão climática para as regiões brasileiras no próximo trimestre

Mais informações

Os mapas e produtos de satélites utilizados neste post fazem parte do portfólio de produtos de monitoramento do Laboratório Lapis. Se você quer dominar o software livre QGIS, para gerar mapas e produtos de monitoramento por satélite, você tem a oportunidade de passar 01 inteiro sendo treinado pela equipe do Laboratório Lapis. Para dominar as Geotecnologias, até o nível avançado, inscreva-se para o Curso de QGIS “Mapa da Mina”.

COMO CITAR ESTE ARTIGO:

LETRAS AMBIENTAIS. [Título do artigo]. ISSN 2674-760X. Acessado em: [Data do acesso]. Disponível em: [Link do artigo].

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