Neste post, analisamos a atual condição climática das regiões brasileiras, a partir de mapas e produtos de satélites. As imagens utilizadas neste post fazem parte do portfólio de monitoramento do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis).
O mapa abaixo mostra a média das temperaturas da superfície do Atlântico Sul, nas últimas duas semanas. As áreas em azul mostram águas mais frias do que o normal, enquanto as áreas que variam de amarelo a vermelho indicam águas mais quentes do que a média. Em áreas da costa leste do Brasil, a temperatura está até 2 ºC acima da média, podendo favorecer chuvas desde a região Sul até o Nordeste.
Na região Sul, o litoral mais aquecido vai contribuir para o aumento das chuvas, na próxima semana. A massa de ar frio e seco dará lugar à entrada de um ar mais úmido e instável. Isso aumenta a variação da nebulosidade, contribuindo para o retorno gradual das chuvas, em áreas do Centro-Sul. Áreas de baixa pressão devem favorecer chuvas, de intensidade fraca a moderada, a partir da tarde, embora de forma bastante irregular.
O recente fortalecimento das temperaturas mais quentes na superfície do Atlântico, em áreas da costa do Nordeste, gera um gradiente de pressão e áreas de instabilidade sobre a região. Ondas de leste também influenciam, com chuvas de intensidade fraca a moderada, desde o Rio Grande do Norte até a Bahia.
As atuais temperaturas do Atlântico tropical são similares às observadas nesse mesmo período de 2019. A imagem do satélite Meteosat-11, do dia 04 de junho daquele ano (Veja imagem acima), mostra frente fria e nebulosidade, no litoral sul do Nordeste.
As águas do Atlântico mais quentes em 2019, na costa da região Sul, também coincidiram com a neutralidade climática do El Niño Oscilação Sul (ENOS).
Em grande parte do Nordeste, ondas de leste e a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) favorecem chuvas, até os próximos dias. Essa condição ocorre em razão da instabilidade em diferentes níveis da atmosfera, aliada ao aumento do transporte de calor e umidade em altitude, proveniente do deslocamento de uma frente fria.
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O Laboratório Lapis lançou um novo mapa de monitoramento da umidade do solo nas regiões brasileiras. Baseado em dados de satélite do dia 20 de maio, o mapa destaca situação de baixa umidade do solo (anomalia negativa) da área central ao oeste do Nordeste. O termo “anomalia” se refere ao percentual de umidade do solo observado atualmente, em relação à média histórica.
No mapa, o vermelho mostra situação muito crítica de secura no solo, principalmente em áreas pontuais da Bahia e Piauí. Com o fim da estação chuvosa neste mês de maio, a porção oeste do Nordeste já aparece mais seca, com baixo percentual de umidade do solo.
Você pode observar, no mapa, que a umidade do solo já está muito baixa na região de Matopiba, em relação à média histórica. Matopiba é a região agrícola formada pela confluência de territórios do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, especializada na produção de soja e milho.
Outro destaque no mapa é a situação de solo saturado em Alagoas, onde a umidade do solo está acima da média, se comparada com a normal climatológica. Já no Centro-Sul, você pode observar situação de umidade do solo em torno da média, com leve estresse hídrico no solo apenas em São Paulo e Mato Grosso do Sul.
O mapa da umidade do solo é resultado do monitoramento semanal por satélite das regiões brasileiras, realizado pelo Laboratório Lapis. O mapa foi processado no software QGIS, com dados do satélite SMOS. A missão SMOS tem como um dos objetivos estimar o teor de água presente na camada superficial do solo. Isso é feito através da medição de energia emitida pela superfície, na faixa de micro-ondas.
O mapa do percentual da umidade do solo é um dos produtos de monitoramento mais importantes para a produção agrícola. Para aprender a dominar as Geotecnologias e gerar mapas e produtos de satélites, usando o software livre QGIS, inscreva-se no Curso de QGIS online do Laboratório Lapis, do zero ao avançado.
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Nas últimas semanas de maio, houve uma melhoria importante nos volumes de chuva na porção norte do Nordeste, trazendo um alívio aos agricultores. Todavia, sua cobertura vegetal ainda mostra os impactos da seca, em razão da massa de ar seco que afetou a região desde o mês de março.
O Laboratório Lapis monitora semanalmente a situação da cobertura vegetal nas regiões brasileiras, baseada em dados de satélites. O mapa foi gerado no software livre QGIS, a partir do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI), com dados do período de 19 a 25 de março.
Você pode observar, no mapa, a recuperação da cobertura vegetal em quase todo o Brasil, principalmente em grande parte do Centro-Sul, em razão das chuvas frequentes. Todavia, no Nordeste, ainda há cobertura vegetal com sinais de seca moderada, desde o Rio Grande do Norte até a Bahia. Com as chuvas recentes, a cobertura vegetal deve apresentar sinais mais claros de recuperação, nas próximas semanas.
O mapa foi processado com dados do satélite Meteosat-10, com resolução de 3 km. O NDVI é um dos indicadores mais importantes para monitoramento das áreas com vegetação saudável ou sob impactos da seca.
Em 2009, o Laboratório implantou um protótipo para gerar o mapa de NDVI de frequência diária, para todo o Brasil. Esse modelo foi aperfeiçoado e calibrado, de modo que hoje, são divulgados mapas semanais cobrindo todo o território brasileiro. O produto foi processado com dados do satélite Meteosat-10 e resolução de 3 km.
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O Laboratório Lapis atualizou o mapa de monitoramento do volume dos reservatórios nas regiões brasileiras, baseado em dados de satélite. As chuvas acumuladas nas últimas semanas, nas bacias hidrográficas do Centro-Sul, continuam contribuindo para a recuperação do nível dos reservatórios. Todavia, o cenário que se configura, a partir de agora, é de redução de chuvas naquela região.
As principais usinas hidrelétricas do País estão localizadas na região Sudeste e Centro-Oeste, representando cerca de 70% do volume total armazenado nos reservatórios. Nessas áreas, houve um ganho significativo na recarga do volume dos reservatórios, em comparação com esse mesmo período do ano passado.
Nos últimos anos, os termos “bandeira vermelha” e “bandeira amarela” se tornaram comuns em nossa conta de luz. São taxas relacionadas à geração de energia hidrelétrica, que afetam o preço do serviço. A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) divulgou que a bandeira tarifária será vermelha, a partir de amanhã, 1º de junho. Isso ocorre por conta da redução do nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas.
A falta de água nos reservatórios faz com que o governo tenha que acionar mais termelétricas de reserva, com custo altíssimo de operação, o que gera aumento na energia elétrica. A bandeira vermelha em vigor representa um adicional tarifário de R$ 4,46, a cada 100 kWh, consumidos por mês. O novo valor da tarifa afeta desde consumidores individuais até as grandes empresas, afetando a economia.
O uso de termelétricas aumenta a poluição do ar e a emissão de gases estufa. As usinas termelétricas também têm custo de produção maior que as hidrelétricas. Assim, o aumento da energia elétrica continua sendo um problema econômico e ambiental, enquanto não houver a diversificação e regulamentação de fontes de geração de energia solar e eólica, e projeções corretas.
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LETRAS AMBIENTAIS. [Título do artigo]. ISSN 2674-760X. Acessado em: [Data do acesso]. Disponível em: [Link do artigo].
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