O que esperar da previsão climática para o Brasil em março?


Previsão da temperatura dos oceanos para o período de março a maio. Fonte: ECMWF.


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Neste post, vamos atualizar a previsão climática nas regiões brasileiras, a partir do atual cenário das temperaturas dos oceanos. Tanto as temperaturas da superfície do Atlântico Sul quanto do Pacífico equatorial são decisivas para definir a condição climática global do País.

As informações foram obtidas com o Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), usando dados de monitoramento oceânico, de modelos climáticos e de satélites.

A imagem da anomalia da temperatura do Atlântico Sul destaca condições de águas mais quentes que o normal na costa leste do Centro-Sul do Brasil. Já na costa leste do Nordeste brasileiro, as temperaturas estão neutras ou mais frias que o normal, em algumas áreas oceânicas.

Mapa da temperatura dos oceanos_La Niña

O termo "anomalia" se refere à diferença da condição atual de temperatura, em relação à média de longo prazo. De acordo com o mapa, as áreas em tons azuis representam águas superficiais mais frias que a média histórica, dos últimos 30 anos, e as cores que variam do amarelo ao vermelho indicam águas mais aquecidas que o normal.

No Hemisfério Sul, o verão abrange o período de dezembro a fevereiro. Passados dois meses dessa estação meteorológica, o La Niña continua como um dos principais impulsionadores das atuais condições climáticas.

La Niña vai continuar no outono

Mapa de monitoramento da temperatura dos oceanos. Elaboração: Lapis.

Mapa de monitoramento da temperatura dos oceanos. Elaboração: Lapis.

A imagem de monitoramento dos oceanos mostra águas superficiais mais frias do que o normal, nas regiões tropicais do Pacífico. É a continuidade do La Niña, que se estende por todo o Pacífico equatorial, impulsionado pelos ventos alísios. A presença do La Niña tem sido a principal característica climática, desde o fim da primavera, e vai continuar no outono, que começa em março.

O sistema El Niño Oscilação Sul se alterna entre as fases frias (La Niña), fases quentes (El Niño) ou situação de neutralidade. Desde agosto, ocorreu um resfriamento das águas do oceano Pacífico equatorial, intensificando-se ainda mais em setembro, quando os ventos alísios de leste ficaram mais fortes. É um La Niña de terceiro ano, que continua influenciando o clima global.

Dessa forma, a corrente de jato pode dividir o Brasil em dois polos climáticos. Na área sul do País, os eventos quentes e secos são mais frequentes, já que a corrente de jato direciona as frentes frias para lá.

As condições de La Niña (abaixo de anomalia de -0,5 °C) devem enfraquecer rapidamente com o fim do verão. Mas os efeitos atmosféricos devem persistir por mais algum tempo. Ou seja, mesmo quando o La Niña desaparecer, a atmosfera continua respondendo às características desse fenômeno.

A partir dessa análise, o meteorologista Humberto Barbosa, fundador do Laboratório Lapis, explica a previsão de precipitação para as regiões do Brasil, no mês de março. “O extremo sul do Brasil, Uruguai e norte da Argentina vão enfrentar condições de normais a mais secas. O mesmo deve acontecer no noroeste da América do Sul, que abrange extremo norte da Amazônia”, detalha o meteorologista.

Segundo ele, na porção norte e leste do Nordeste brasileiro, a precipitação será maior do que a média histórica, devido à influência do La Niña e do dipolo negativo do oceano Atlântico. Por outro lado, no Sul do Brasil e no nordeste da Argentina, o início do outono, a partir de março, deve ser mais seco que o normal.

Isso é esperado principalmente em razão da previsão de alta pressão, do modelo climático do Centro Europeu de Previsões Meteorológicas a Médio Prazo (ECMWF). Para entender o que é Dipolo do Atlântico, acesse este post.

Confira abaixo o mapa da previsão climática para o mês de março, que indica chuvas acima da média desde a área central até o norte do Brasil, e chuvas abaixo da média, no Centro-Sul. O Sul do Brasil, principalmente o Rio Grande do Sul, ainda terá níveis críticos de chuva, no mês de março. 

Mapa da previsão climática La Niña para o mês de março

Com base nas últimas previsões, um evento de El Niño provavelmente vai surgir, durante o inverno ou no início da primavera, devendo afetar nas condições climáticas do verão 2023-2024.

Mapa da umidade do solo atualiza áreas que enfrentam seca no Brasil

Mapa da umidade do solo processado no QGIS

Mapa da umidade do solo, processado no QGIS.

De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, as condições quentes e secas na Argentina reduziram as perspectivas para a produção de soja, que pode ser a mais baixa em 15 anos.

Por outro lado, no Centro-Oeste do Brasil, o clima favorável e a perspectiva de uma safra na safra 2022-2023 muito maior, ajudam a preencher o baixo rendimento criado pela seca na Argentina. A colheita da soja e, posteriormente, o plantio do milho de segunda safra, devem continuar em ritmo lento, a partir de fevereiro.

Séries temporais de dados do satélite SMOS, na forma de mapas de visualização, permitem comparar a mudança na umidade do solo. Como o satélite estima a profundidade dos primeiros 10 centímetros da superfície do solo, a variação no percentual de umidade pode acontecer rapidamente, pois sempre vai seguir a mudança na precipitação.

O percentual de umidade do solo é um indicador usado para estimar o teor de água presente na primeira camada do solo, a uma profundidade de até 10 centímetros (cm). Observe no mapa as duas áreas que atualmente enfrentam estresse hídrico em seus solos. As áreas mais atingidas por seca no solo são o centro-nordeste do Brasil e centro-norte da Argentina.

As condições quentes e secas no Rio Grande do Sul (RS) persistem. Tem sido o quinto período mais quente e o quinto mais seco, entre o mês de janeiro e o início de fevereiro, em mais de 30 anos para o RS.

A missão SMOS foi lançada em 2009, tendo como um dos objetivos estimar o teor de água presente na primeira camada do solo. Isso é feito através da medição de energia emitida pela superfície, na faixa de micro-ondas. Essa emissão é influenciada pela presença de água no solo, que altera suas propriedades dielétricas.

O Laboratório Lapis gera mapas semanais da umidade do solo e séries temporais utilizadas como importantes indicadores para monitoramento.  Inclusive, esse é um dos indicadores que o Curso de QGIS online ensina a processar, analisar e gerar mapas.

Conheça o método de geoprocessamento do Laboratório Lapis, que ensina a usar o verdadeiro poder do QGIS, o software livre de geoprocessamento mais usado no Brasil e no mundo. Assista a esta videoaula.

Áreas agrícolas brasileiras recebem chuvas regulares, mostra mapa da chuva

Mapa do número de dias consecutivos sem chuva

Mapa do número de dias sem chuva, processado no QGIS.

O mapa acima é um dos produtos de monitoramento por satélite do Laboratório Lapis. A imagem permite identificar as regiões brasileiras que mais receberam chuva, no período de 30 de janeiro a 05 de fevereiro deste ano.

De acordo com o mapa, grande parte do Brasil recebeu chuva todos os dias, durante o período, com exceção do Rio Grande do Norte e de parte da Paraíba, além da área central da Bahia até grande parte de Minas Gerais, Espírito Santo e no sul do Rio Grande do Sul. O território de Roraima também não recebeu chuvas, na última semana.

As áreas na cor marrom, mostradas no mapa, indicam onde não ocorreu chuva, nos últimos sete dias consecutivos. Já as áreas em verde mostram onde houve chuva significativa ou os locais que tiveram apenas 1 a 2 dias sem chover, durante o período.

O mapa foi elaborado com dados oriundos do produto Climate Hazards Group InfraRed Precipitation with Station data (CHIRPS). O parâmetro utilizado baseia-se no número de dias secos, ou seja, quando o satélite não registrou chuvas, em 24 horas.

Atualização das mudanças na temperatura da Terra

Mapa da temperatura do Planeta, em 13 de fevereiro.

Mapa da temperatura do Planeta, em 13 de fevereiro. Elaboração: Lapis.

O mapa acima mostra a anomalia de temperatura, a 2 metros de altura da superfície, no dia 13 de fevereiro. De acordo com o mapa, o Planeta ficou cerca de -14 °C abaixo da média histórica, em relação ao período 1979-2000. São dados do NCEP/GFS, uma reanálise global. 

O mapa é um retrato “momentâneo” das temperaturas extremas de calor e frio, ao redor do mundo. Na região do Rio Grande do Sul, houve aquecimento de até 5 °C acima da média, enquanto o nordeste da Argentina teve aumento até 10 °C nas temperaturas.

Mais informações

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O Laboratório Lapis possui o único Curso de QGIS no Brasil que já treina pessoas para dominar a tecnologia do PlanetScope, usando o software gratuito QGIS. 

*Post atualizado em: 27.02.2023, às 10h09.

COMO CITAR ESTE ARTIGO:

LETRAS AMBIENTAIS. [Título do artigo]. ISSN 2674-760X. Acessado em: [Data do acesso]. Disponível em: [Link do artigo].

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