Mapeamento destaca áreas com perda de lavouras no Brasil



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Neste post, vamos analisar a atual condição climática das regiões agrícolas brasileiras, a partir de mapas. As imagens utilizadas fazem parte do portfólio de produtos de satélites do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis).

Os produtos são processados semanalmente, como resultado do monitoramento por satélite, para orientar a tomada de decisão na produção agrícola, em qualquer área do território brasileiro.

Esta semana, um dos produtos agrometeorológicos atualizados pelo Laboratório Lapis foi o mapeamento que compara a atual biomassa das áreas agrícolas do Brasil, referente ao período de 09 a 16 de novembro deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado.

Mapa da diferença de NDVI, processado no QGIS

Mapa da diferença da cobertura vegetal, processado no QGIS.

De acordo com a análise do mapa acima, das atuais áreas de plantio nas regiões brasileiras, pode-se concluir: o Centro-Sul enfrenta a maior intensidade de seca nas áreas agrícolas, com registro de perda de biomassa, nas áreas de lavouras. Os locais onde houve perda de lavouras estão localizados nas regiões Centro-Oeste e Sul, além de São Paulo e sul de Minas Gerais.

Já as áreas em verde indicam onde houve desenvolvimento de novos plantios, neste período do ano, com destaque para São Paulo, Paraná, sudoeste de Minas Gerais, sul de Goiás, oeste do Mato Grosso do Sul e norte do Rio Grande do Sul.

O mapa de subtração do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI) 2022-2021 é um novo produto de monitoramento do Laboratório Lapis, baseado em dados de satélites. É gerado a partir de uma equação simples, que subtrai o NDVI deste período específico de 2022, em relação ao mesmo período de 2021.

Como resultado, obteve-se um mapa da diferença, que indica a variação temporal da cobertura vegetal, em áreas de plantio no Brasil. O mapa foi processado no software QGIS, com dados do satélite Meteosat-11, que possui resolução espacial de 3 km. Os dados das áreas agrícolas são da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

A imagem acima foi classificada em duas categorias: seca e verde. As áreas em vermelho indicam perda da biomassa vegetal, enquanto as áreas em verde indicam aumento das lavouras, durante o período de referência dos dados.

Os dados de satélite usados neste post foram processados no QGIS, software de geoprocessamento gratuito mais usado no mundo. Se você quer dominar o QGIS, do básico ao avançado, baixe o e-book gratuito do Laboratório Lapis e conheça como funciona o método “Mapa da Mina". 

>> Leia também: Mapeamento alerta para degradação de 40% da vegetação do Brasil em duas décadas

Mapa destaca áreas agrícolas que mais receberam chuvas em novembro

Mapa do número de dias sem chuva, processado o QGIS

Mapa do número de dias sem chuva, processado o QGIS.

O mapa do número de dias consecutivos sem chuva é mais um dos produtos de satélite do Laboratório Lapis, que permite monitorar as áreas que mais receberam chuvas, nas regiões agrícolas brasileiras. A imagem de satélite também destaca as regiões onde não houve registro de chuva, de 21 a 27 de novembro deste ano.

No mapa, as áreas na cor marrom indicam onde não ocorreu chuva, nos últimos sete dias consecutivos. Já as áreas em verde mostram onde houve chuva significativa ou os locais que tiveram apenas 1 a 2 dias sem chover, durante o período.

O mapa foi elaborado com dados oriundos do produto Climate Hazards Group InfraRed Precipitation with Station data (CHIRPS). O parâmetro utilizado baseia-se no número de dias secos, ou seja, quando o satélite não registrou chuvas, em 24 horas.

Durante o período, a região Norte, grande parte do Centro-Oeste e do Sudeste receberam volumes de chuva significativos, praticamente todos os dias. No oeste e no sul do Nordeste brasileiro, também ocorreram chuvas frequentes.

Todavia, o Nordeste setentrional, desde Pernambuco até o Ceará, enfrenta seca intensa. Algumas áreas da região Sul e o Mato Grosso do Sul também enfrentaram um maior número de dias secos consecutivos.

Na região Sul, a exceção é o leste do Paraná e de Santa Catarina, que têm recebido fortes chuvas, nos últimos dias.

>> Leia também: Por que centenas de minissatélites do Planet fotografam a Terra diariamente?

Mapa mostra área de desastre por deslizamento de terra no Paraná

Mapa do percentual da umidade do solo, processado no QGIS.

Mapa do percentual da umidade do solo, processado no QGIS.

O mapa atualizado mostra a condição de alta umidade do solo em áreas da região Sul, com destaque para o oeste do Paraná e de Santa Catarina. No último dia 28 de novembro, as fortes chuvas levaram ao deslizamento de terra no km 669, da BR 376, em Guaratuba (PR).

O desmoronamento de terra provocou um desastre no local, com registro de morte de duas pessoas e outras 30 continuam desaparecidas.  As condições de tempo ainda dificultam a busca pelas vítimas. Segundo o Corpo de Bombeiros do Paraná, ainda há risco de novos deslizamentos, inclusive de desabamento de parte da pista. 

Pelo menos 15 carros de passeio e seis caminhões foram arrastados para fora da pista, no trecho de serra atingido. As estradas continuam bloqueadas. 

Deslizamento de terra é um movimento brusco de descida de uma massa de rocha e/ou solo, em declive, que ocorre em função da ruptura de uma superfície. O motivo que desencadeia o deslizamento decorre de chuva intensa, que aumenta o nível de encharcamento do solo.

Outros fatores comuns, como inundações, aumento do nível de água proveniente da irrigação, vazamentos de tubulações, terremotos ou tremores de terra também podem provocar deslizamentos.

O tipo de deslizamento determina a velocidade potencial do movimento, o provável volume de deslocamento, a distância de deslocamento, como os possíveis efeitos do deslizamento e as medidas mitigadoras apropriadas a serem consideradas. Deslizamentos também podem formar uma ruptura complexa, que pode incluir mais de um tipo de movimento (ou seja, deslizamento de rocha e fluxo de detritos).

No caso recente no Paraná, o volume de terra removida teve um peso muito grande sobre a pista, localizada em uma região suspensa, por isso sob risco de desabar.

Há um tipo de escorregamento chamado translacional, no qual o material pode variar de solo solto e não adensado até grandes placas de rochas, ou ambos.

Em geral, ocorrem ao longo de descontinuidades geológicas, tais como falhas, junções, superfícies, estratificações ou o ponto de contato entre rocha e solo. Em lugares no Hemisfério Norte, esse tipo de deslizamento pode também mover-se ao longo de camadas do subsolo, permanentemente geladas.

>> Leia também: Secas e desmatamento aceleraram degradação das terras na Amazônia nas últimas décadas

Influência das temperaturas do oceano Atlântico no clima brasileiro

Mapa da temperatura no oceano Atlântico_QGIS

O monitoramento da temperatura da superfície dos oceanos é uma informação decisiva para compreender a previsão climática, nas regiões brasileiras. Quanto mais aquecidas as águas da costa leste e norte do Nordeste, maior é a possibilidade de precipitação nessa região.

A imagem acima representa a variação espacial da anomalia das temperaturas da superfície do oceano Atlântico, com dados atualizados no último dia 28 de novembro. O termo “anomalia” é usado na meteorologia para se referir ao quanto o atual dado de temperatura se desviou, para mais ou para menos, em relação à média histórica.

As áreas em tons azuis representam águas superficiais mais frias que a média histórica, dos últimos 30 anos (anomalia negativa), e as cores que variam do amarelo ao vermelho, indicam águas mais quentes que o normal (anomalia positiva). 

O destaque, na imagem, é o predomínio e a intensificação da área com as temperaturas mais quentes que o normal (anomalias positivas), em grande parte do oceano Atlântico Tropical Sul. Essa condição é favorável ao aumento das chuvas na região, principalmente na costa leste do Centro-Norte brasileiro.

Já as águas mais frias que o normal, no Atlântico Subtropical Sul, não têm sido favoráveis às chuvas, em parte do Centro-Sul brasileiro, especialmente na costa leste da região Sudeste do País.

Os dados utilizados para gerar o mapa foram obtidos por meio do sistema Eumetcast, a tecnologia descentralizada de recepção de dados de satélite da Agência Europeia para Exploração de Satélites Meteorológicos (Eumetsat) Essa tecnologia é utilizada pelo Laboratório Lapis, desde a sua fundação, em 2007. Para saber mais, conheça o Livro "Sistema EUMETCast"

>> Leia também: O melhor portfólio de produtos de satélites para monitoramento agrícola

Mais informações

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COMO CITAR ESTE ARTIGO:

LETRAS AMBIENTAIS. [Título do artigo]. ISSN 2674-760X. Acessado em: [Data do acesso]. Disponível em: [Link do artigo].

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