Fenômeno vai trazer mais chuvas para o Norte e Nordeste na próxima semana



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Mais um fenômeno vai trazer chuvas intensas, para quase todo o Nordeste brasileiro, na próxima semana. É uma grande onda de nuvens profundas, conhecida como Oscilação Madden-Julian (MJO). Essa onda atmosférica move-se em direção ao leste, pelo oceano Pacífico.

No final de maio, de acordo com a análise mais recente do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), estava presente a fase convectiva da onda MJO, sobre o oceano Pacífico ocidental. Enquanto isso, a fase seca estava sobre o oceano Atlântico.

Mas olhando uma semana à frente, é possível analisar a tendência para 06 de junho, com uma imagem totalmente diferente: uma forte fase úmida sobre o oceano Atlântico e a América Sul.

Com a chegada da MJO sobre a América do Sul, os volumes de chuva aumentam, em quase todas as regiões. As chuvas podem ser menos abrangentes apenas na parte central do País, nas próximas semanas.

Nesse período, as ondas de perturbações africanas (ondas de leste) também são favoráveis ao desenvolvimento inicial de áreas de instabilidade. Essa condição de instabilidade é impulsionada pelas temperaturas mais quentes que o normal, na costa leste do Nordeste.

Mas o que é uma onda MJO? É uma perturbação de tempestades, nuvens, chuva, ventos e anomalias de pressão, que se move em direção ao leste. Ela se move ao redor de todo o Planeta, no Equador, em cerca de 30 a 60 dias. O MJO consiste em duas partes: uma é a fase úmida e a outra é a fase seca.

>> Leia também: Entenda os fenômenos que estão trazendo chuvas fortes para o Nordeste

Chuvas continuam em algumas áreas do Nordeste esta semana

Em muitas áreas do Norte e Nordeste, as chuvas continuaram, nesta primeira semana de junho. De acordo com o Laboratório Lapis, no norte das regiões Norte e Nordeste, há previsão de chuva e tempestades isoladas, resultado da divergência em altos níveis, condições termodinâmicas favoráveis e a atuação de um cavado relacionado a um Vórtice Ciclônico em Altos Níveis (VCAN).

No norte das regiões Norte e Nordeste, as chuvas previstas ocorrem em razão de áreas de instabilidades oriundas do leste do Nordeste do Brasil, do oceano Atlântico, bem como de efeitos locais (temperatura, umidade e relevo), além de sistema de brisa.

>> Leia também: Livro gratuito ensina método para processar imagens de satélites

Mapa destaca estiagem na Amazônia e chuva excepcional no Litoral do Nordeste

O mapa da intensidade das chuvas destaca a situação excepcional de chuvas no Litoral do Nordeste brasileiro, no período de 21 a 31 de maio. Desde Sergipe até o Rio Grande do Norte, as áreas em roxo destacam umidade excepcional, em razão das fortes chuvas que atingiram essas áreas, na última semana.

A imagem de satélite também destaca estiagem na Amazônia, com maior intensidade no centro-sul do Pará, Amazonas e Rondônia. Já no Amapá, Roraima e norte do Pará, durante o período, as chuvas ficaram em torno ou acima da média.

Houve registro de seca moderada no Centro-Oeste, de forma generalizada, com maior intensidade no noroeste do Mato Grosso. As chuvas foram abaixo da média também em grande parte do Sudeste, com exceção de São Paulo, onde os volumes ficaram em torno do esperado, para o período.

Por fim, a região Sul tem recebido volumes de chuva significativos, ficando na média ou acima da média para o período.

O Laboratório Lapis também gerou o mapa da intensidade da seca, referente a todo o mês de maio. A média de precipitação seguiu a mesma tendência do mapa acima analisado.

O mapa semanal de monitoramento foi elaborado pelo Laboratório Lapis, usando o software QGIS, no qual foi processado o Índice Padronizado de Precipitação (SPI), a partir de dados do produto CHIRPS.

Para conhecer como utilizar este e outros indicadores ambientais e de seca, baixe o e-book gratuito “Como dominar o QGIS: o guia definitivo para mapeamento”.

>> Leia também: Influência do Atlântico nas chuvas das regiões brasileiras

Imagens de satélite mostram áreas de risco antes e depois das fortes chuvas em Recife

Imagem mostra cheias do rio Capibaribe, antes das grandes chuvas. Fonte: Lapis.

Imagem mostra Recife, antes das grandes chuvas. Fonte: Lapis.

As imagens da constelação de satélites PlanetScope mostram a situação de Recife (PE), antes e depois das grandes chuvas, que atingiram a região, desde o último dia 25 de maio. As imagens foram processadas pelo Laboratório Lapis, com uso do software QGIS

Observe a imagem de satélite acima, do dia 18 de maio, antes de ocorrerem as cheias do rio Capibaribe. Agora, compare com a imagem abaixo, do dia 29 de maio, depois que ocorreram as fortes chuvas.

Imagem mostra cheias do rio Capibaribe, depois das grandes chuvas. Fonte: Lapis.

Imagem mostra cheias do rio Capibaribe, depois das grandes chuvas. Fonte: Lapis.

Os temporais e deslizamentos de terra levaram à morte de 122 pessoas, em Pernambuco, além de deixar mais de 7 mil desabrigados. As vítimas moravam em áreas de risco, extremamente vulneráveis a esse tipo de evento extremo.

Um total de 24 municípios de Pernambuco já decretou situação de emergência, em razão das consequências das enxurradas.

A tragédia em Pernambuco reforça a necessidade de monitoramento das áreas de risco, com uso de imagens de satélites, e da previsão de situações de eventos climáticos extremos.

Políticas sociais de habitação e deslocamento das famílias que vivem nessas áreas de risco são fundamentais, para evitar que chuvas fortes se transformem em uma tragédia, como a que ocorreu recentemente no Grande Recife.

>> Leia também: La Niña pode durar até 2023, indica previsão

Mais informações

Para saber como gerar mapas, processar e analisar imagens de satélite, como as utilizadas ao longo deste post, inclusive para monitoramento de áreas de risco, baixe o e-book gratuito "Como dominar o QGIS: o guia definitivo para mapeamento".  

COMO CITAR ESTE ARTIGO:

LETRAS AMBIENTAIS. [Título do artigo]. ISSN 2674-760X. Acessado em: [Data do acesso]. Disponível em: [Link do artigo].

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