Boletim atualiza situação climática do Brasil a partir de mapas


Áreas agrícolas de São Carlos (SP). Fonte: Planet Labs.


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Neste post, analisamos a atual condição climática das regiões agrícolas brasileiras, a partir de mapas. As imagens fazem parte do portfólio de produtos de satélites do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis).

Os produtos são processados semanalmente, como resultado do monitoramento por satélite, para orientar a tomada de decisão na produção agrícola. Permitem se manter atualizado sobre as principais variáveis para monitoramento agrometeorológico, de qualquer área do território brasileiro.

Os dados de satélites usados neste post foram processados no QGIS, o software SIG gratuito mais usado no mundo. Se você quer dominar o QGIS, do básico ao avançado, baixe o e-book gratuito do Laboratório Lapis e conheça como funciona o método “Mapa da Mina". 

Confira, a seguir, as informações obtidas a partir da análise de cada um desses produtos de satélites.

Mapa destaca regiões com umidade do solo mais favorável à agricultura

Mapa da umidade do solo, processado no QGIS

O mapa da umidade do solo, baseado em dados de satélites, é um dos mais importantes produtos de monitoramento agrometeorológico. Com essa ferramenta, é possível se manter atualizado sobre a quantidade de água contida na superfície do solo, a uma profundidade de até 5 centímetros (cm), em qualquer área do território brasileiro.

O mapa acima destaca a atual condição da umidade do solo, nas regiões agrícolas brasileiras, com dados atualizados no dia 17 de novembro. Os dados foram obtidos a partir do satélite Soil Moisture Ocean Salinity (SMOS), da Agência Espacial Europeia (ESA), por meio do Sistema EUMETCast. Trata-se da tecnologia descentralizada de recepção de dados de satélites, instalada no Laboratório Lapis.

De acordo com a imagem de satélite, a baixa umidade do solo indica o atual predomínio de seca, nas principais áreas agrícolas do País. A seca e o estresse hídrico nos solos atingem o Centro-Sul do Brasil, principalmente toda a região Centro-Oeste e Sul do País, além de parte do Sudeste. Isso tem dificultado a conclusão do plantio ou a germinação das sementes nessas áreas.

No mapa, as áreas em azul ciano indicam solos bastante úmidos. Já as áreas em marrom e bege indicam predomínio de seca e estresse hídrico nos solos, durante o período. O Nordeste brasileiro, áreas do Pará, todo o estado do Amapá, além do norte de Minas Gerais, estão com alta umidade do solo.

Com o avanço da tecnologia de sensoriamento remoto, é possível quantificar o percentual de água contida na superfície do solo, a partir de dados obtidos por satélite, que utilizam sensores de micro-ondas. O conhecimento da umidade do solo é fundamental para a caracterização das secas agrícolas.

Leia também: Pico de queimadas na Amazônia preocupa ações contra a mudança climática

Mapa atualiza situação das chuvas nas regiões agrícolas brasileiras

O mapa do número de dias consecutivos sem chuva é mais um dos produtos de satélite do Laboratório Lapis, que permite monitorar as áreas mais secas, nas regiões brasileiras, atualmente. A imagem de satélite destaca as regiões onde não houve registro de chuva, de 14 a 20 de novembro deste ano.

Durante o período, a região Norte, grande parte do Nordeste e do Centro-Oeste receberam volumes significativos de chuva, além de áreas da região Sudeste. Por outro lado, a seca continua intensa no Nordeste Setentrional, mais precisamente na área que vai desde o Semiárido de Sergipe até o Ceará. No Centro-Sul, houve uma intensificação da seca, na última semana, desde o sul do Mato Grosso e de São Paulo até a região Sul.

No mapa, as áreas na cor marrom indicam onde não ocorreu chuva, nos últimos sete dias consecutivos. Já as áreas em verde mostram onde houve chuva significativa ou os locais que tiveram apenas 1 a 2 dias sem chover, durante o período.

O mapa foi elaborado com dados oriundos do produto Climate Hazards Group InfraRed Precipitation with Station data (CHIRPS). O parâmetro utilizado baseia-se no número de dias secos, ou seja, quando o satélite não registrou chuvas, em 24 horas.

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Mapa identifica áreas com temperaturas mais quentes no Brasil

O mapa da anomalia da temperatura máxima do ar permite identificar as temperaturas mais frias ou mais quentes que o normal, nas regiões brasileiras, atualmente.

De acordo com o mapa, as áreas com temperaturas mais frias que o normal, no período de 07 a 13 de novembro, estão no Pará e no Nordeste brasileiro (áreas em azul). Já as áreas mais quentes estão no oeste do Brasil, desde o Mato Grosso do Sul até o oeste da Amazônia, além da região Sudeste (áreas em rosa e vermelho).

O mapa foi elaborado com dados oriundos de estações meteorológicas automáticas da Organização Mundial de Meteorologia (OMM), recebidos pelo sistema EUMETCast.

Após os processos de correção, esses registros foram sumarizados, para a escala semanal. Em seguida, foi feito o cálculo da diferença do valor observado na semana, em relação à média climatológica dos últimos 30 anos, para a criação dos mapas semanais de anomalia, para toda as regiões agrícolas brasileiras.

Leia também: Mapeamento alerta para degradação de 40% da vegetação do Brasil em duas décadas

Os produtos da constelação de satélites Planet para monitoramento agrícola

Imagens dos satélites PlanetScope, processadas no QGIS

O sistema PlanetScope é a mais avançada tecnologia de monitoramento em sensoriamento remoto. Tornou possível simplificar dados de satélite altamente avançados para aprofundar a tomada de decisão, em setores como água e agricultura.

Uma nova categoria de produtos da constelação de satélites da Planet permite acompanhar as principais variáveis planetárias. São feeds de dados precisos e pré-processados, que medem condições importantes na superfície da Terra. O resultado são três produtos principais:

1) Teor de Água no Solo: uma medida do volume de água contida no solo, a uma profundidade de 5 cm, fornecida com resolução de 100 metros (m). O teor de água do solo também é uma ferramenta importante para a medição da seca, protegendo os agricultores contra os impactos desse fenômeno.

2) Temperatura da Superfície Terrestre: uma medição da temperatura radiativa da superfície da Terra, entregue com resolução de 100 m.

3) Proxy de Biomassa de Vegetação: uma medição relativa da biomassa da lavoura acima do solo, com resolução de 10 m.

Esses produtos fazem parte dos avanços da Planet, para capturar e fornecer imagens diárias. Baseados em sensores de micro-ondas passivos, fornecem informações únicas sobre a medição do conteúdo de água em solos e vegetação.

Também oferecem dados globalmente disponíveis, em geral, sem interferência da cobertura de nuvens. Com isso, usuários podem obter medições de séries temporais dessas variáveis planetárias, baixando arquivos de dados e gerando gráficos visuais exclusivos para análise.

Ao apresentar dados sem a necessidade de tanto pré-processamento, gasta-se menos tempo com a manipulação de dados e mais tempo monitorando e analisando os dados.

O Laboratório Lapis oferece um treinamento online e prático que ensina a processar produtos de monitoramento agrometeorológico e climático, dominando o QGIS do zero ao avançado. Inclusive, o Curso ensina a processar produtos da alta tecnologia do PlanetScope. Para conhecer como funciona o método, clique aqui.

Leia também: Por que centenas de minissatélites do Planet fotografam a Terra diariamente?

Análise das condições das temperaturas do oceano AtlânticoSituação climática a partir do monitoramento do Atlântico

O monitoramento da temperatura da superfície dos oceanos é uma informação decisiva para compreender a previsão climática. Quanto mais aquecidas as águas da costa leste e norte do Nordeste, maior é a possibilidade de precipitação nessa região.

Os efeitos da persistência do La Niña, no oceano Pacífico, serão mais evidentes entre o fim do outono e no decorrer do verão deste ano. Com o La Niña no Pacífico e o oceano Atlântico Sul mais aquecido, configura-se um cenário favorável para as chuvas no Nordeste brasileiro.

A imagem acima representa a variação espacial da anomalia das temperaturas da superfície do oceano Atlântico, com dados do dia 18 de novembro. As áreas em tons azuis representam águas superficiais mais frias que a média histórica, dos últimos 30 anos (anomalia negativa), e as cores que variam do amarelo ao vermelho, indicam águas mais quentes que o normal (anomalia positiva).

O termo “anomalia” é usado na meteorologia para se referir ao quanto o atual dado de temperatura se desviou, para mais ou para menos, em relação à média histórica.

O destaque, na imagem, é o predomínio e a intensificação da área com as temperaturas mais quentes que o normal (anomalias positivas), em grande parte do oceano Atlântico Tropical Sul. Essa condição é favorável ao aumento das chuvas na região, principalmente na costa leste do centro norte brasileiro.

Já as águas mais frias que o normal, no Atlântico Subtropical Sul, não têm sido favoráveis às chuvas, em parte do centro sul brasileiro, especialmente na costa leste da região Sul do país.

Mais informações

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COMO CITAR ESTE ARTIGO:

LETRAS AMBIENTAIS. [Título do artigo]. ISSN 2674-760X. Acessado em: [Data do acesso]. Disponível em: [Link do artigo].

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