Sem esse mapa você poderá perder boas oportunidades


Mapas destacam aumento das secas na Amazônia, desde os anos 1970. Fonte: Lapis.


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Existe um mapa que não pode faltar no portfólio de quem pesquisa, trabalha ou presta serviços de monitoramento. Especialmente quando se trata de análise e acompanhamento de secas, com uso de imagens de satélites, o mapa da cobertura vegetal, conhecido como Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI), é o primeiro passo. 

Se você busca informações sobre monitoramento da seca, com uso da tecnologia de NDVI, de frequência diária, este post é para você.

Em 2009, o Laboratório de Análise e Processamento de Satélites (Lapis) implantou um protótipo, para uso do NDVI de frequência diária, no Brasil. A tecnologia surgiu, inicialmente, da necessidade de fornecer informações mais precisas, sobre a vulnerabilidade do Semiárido brasileiro às secas prolongadas.

Recentemente, o Laboratório Lapis adotou um modelo mais compacto e viável, para monitoramento da vegetação, em escala continental. Ele foi construído, inicialmente, como protótipo para, em seguida, ser aperfeiçoado e calibrado pelo Lapis.

Até agora, o modelo tem sido utilizado com bastante êxito não apenas no Nordeste, mas na maioria das regiões brasileiras. Semanalmente, são gerados e divulgados pelo Lapis, mapas semanais da cobertura vegetal, para todas as regiões brasileiras.

Com exceção da Amazônia, onde o NDVI é muito influenciado por cobertura de nuvens, os mapas fornecem informações valiosas para as demais regiões.

Isso porque a produção, análise e interpretação do mapa de NDVI, oferece respostas ao evento climático que, atualmente, mais preocupa o mercado brasileiro: a seca.

O fenômeno tem se tornado comum, na maior parte do Brasil, e já afeta vários setores econômicos: energético, agrícola, de turismo, hidrológico, entre outras cadeias produtivas.

O fato é que se foi o tempo em que a estiagem era um problema restrito apenas à região semiárida brasileira. Desde 2020, os prejuízos no setor agrícola, um dos mais fortes da economia brasileira, só se acumulam no Centro-Sul brasileiro.

A seca deste ano no Brasil é um fenômeno atípico, por atingir quase todas as regiões brasileiras, notadamente o Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste.

No próximo tópico, vamos explicar como as informações sobre os eventos das secas, obtidas a partir do mapa de NDVI, são essenciais para o planejamento e a gestão das ações necessárias.

O indicador fornece uma radiografia da situação e dos impactos do fenômeno, facilitando a avaliação dos riscos e vulnerabilidade dos setores econômicos.

O desafio de se detectar o início de uma seca

Segundo o meteorologista Humberto Barbosa, fundador do Laboratório Lapis, o início de uma seca é muito difícil de se detectar. Geralmente, quando se percebe a intensidade do fenômeno, já se está bem no meio dele. Alguns modelos climáticos tentam prever, mas há muita incerteza.

Desse modo, o acompanhamento contínuo, é uma das estratégias mais seguras, sobretudo quando se utiliza uma ferramenta de alta frequência temporal, como é o caso do mapa de NDVI diário.

“Essa é a sutileza e dificuldade do monitoramento de uma seca: saber identificar o início e o fim dela. Se você consegue trazer essas informações, quando a seca vai começar, e perceber quando ela vai terminar, realmente aumenta a capacidade de previsão e melhora a tomada de decisão, em vários setores econômicos”, explica Humberto Barbosa.

O mapeamento da cobertura vegetal, por meio do NDVI, possibilita detectar não só o início, mas também a intensidade, duração e impactos de um evento de seca, nas regiões atingidas.

Um dos exemplos mais ilustrativos são os mapas acima, que mostram a grande seca, ocorrida no período 2011-2016. As imagens de satélite mostram a condição da cobertura vegetal da época, com base em mapas de NDVI. Os mapas, extraídos do Livro “Um século de secas”, foram gerados com dados do mês de março de cada ano (período chuvoso no Semiárido brasileiro).

Em 2011, ninguém sabia que estava se iniciando uma grande seca, que ficaria conhecida como a pior já registrada, na história do Semiárido brasileiro. É isso que mostra Humberto Barbosa, um dos autores do Livro “Um século de secas”.

Normalmente, identifica-se a seca quando ela já está acontecendo. A intensidade da seca 2011-2016 foi aumentando ao longo dos seis anos, de modo que o mapa de NDVI capturou muito bem a extensão dessa seca.

"Isso foi importante porque conseguiu determinar as áreas mais afetadas por essa seca, para a tomada de decisão. Essa é a importância de se utilizar essas ferramentas de monitoramento de variáveis, para que se possa detectar determinado fenômeno climático, como foi feito, nesse caso específico, com a grande seca 2011-2016”, completa Humberto Barbosa.

No vídeo abaixo, o meteorologista explica detalhes, sobre como identificou, com uso de séries temporais de dados de satélites e um conjunto específico de mapas, que enfrentávamos a “seca do século”. O resultado completo da pesquisa foi publicado no Livro “Um século de secas”.

Radiografia da atual seca a partir de mapas

O Laboratório Lapis atualiza a condição da atual seca no Brasil. O mapa abaixo mostra a intensidade da seca, baseado em dados CHIRPS de precipitação, em relação ao mês de julho. Pleo mapa, é possível observar que houve melhoria nos volumes de chuva no Nordeste e Norte do Brasil, durante o período. 

O mapa abaixo é complementar ao anterior, por mostrar o número de dias sem chuva, também durante o mês de julho, com uso de dados CHIRPS. 

Por reconhecer o quanto a seca tem-se tornado mais frequente e intensa, em 2018, foi concluída a pesquisa de 5 anos, que resultou no Livro “Um século de secas”. No Livro, foi analisada a intensidade e as caraterísticas climáticas de cada seca, no Semiárido brasileiro, durante o período de mais de um século (1901-2017).

Também foram analisadas as políticas de resposta, para reduzir os impactos desse fenômeno, durante o período. O que torna esse Livro mais interessante é que os autores, Catarina Buriti e Humberto Barbosa, analisaram a seca do ponto de vista meteorológico, ambiental, social, econômico, ambiental, político e científico.

Foram utilizadas séries históricas temporais, de dados de satélites, para se analisar as grandes secas, ocorridas no período de mais de cem anos. E o Livro ainda fez uma análise detalhada, sobre a chamada "Seca do Século", ocorrida no período 2011-2017, no Semiárido brasileiro.

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*Post atualizado em: 01.12.2021, às 10h30.

COMO CITAR ESTE ARTIGO:

LETRAS AMBIENTAIS. [Título do artigo]. ISSN 2674-760X. Acessado em: [Data do acesso]. Disponível em: [Link do artigo].

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