Imagens destacam influência do VCAN nas chuvas do Nordeste brasileiro



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Desde o último dia 07 de janeiro, um Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN) influencia nas condições de tempo do Nordeste brasileiro. É um sistema de pressão que atua em altos e médios níveis da troposfera, caracterizado pela circulação dos ventos em sentido horário, em torno do seu centro seco. Ao mesmo tempo, há presença de nebulosidade e chuva em suas bordas.

Ao longo da semana de 07 a 13 de janeiro, algumas áreas do Nordeste brasileiro, sob influência das bordas do VCAN, receberam volumes significativos de chuva, trazendo um alívio à seca na região. As informações e imagens de satélites utilizadas neste post foram obtidas junto ao Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis).

A influência das bordas desse sistema continua deixando o tempo instável, com muitas nuvens em alguns momentos, no centro-norte do Nordeste brasileiro. A chance de chuvas deve aumentar, inclusive com possibilidade de temporais isolados, em alguns municípios da região.

VCAN - Ventos fortes em altos níveis_QGIS

No dia 14 de janeiro, o centro do Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN) está posicionado na área oceânica. A imagem acima mostra a situação dos ventos em altos níveis da atmosfera (250 hPa), com destaque para a permanência do VCAN próximo à costa de Alagoas.

Imagens de satélite destacam mudanças na posição do VCAN

Imagem do satélite Meteosat-11_VCAN

Em dezembro de 2023, o meteorologista Humberto Barbosa, do Laboratório Lapis, indicou previsão de chuvas acima da média no Nordeste brasileiro. A previsão surpreendeu a muitos que esperavam seca extrema no começo do ano, por conta do El Niño, presente no Pacífico desde junho do ano passado.

O El Niño costuma provocar seca no Centro-Norte do Brasil, como de fato ocorre na Amazônia brasileira, desde junho do ano passado. O aquecimento do Atlântico Norte também influenciou nas condições de seca naquela região.

Mas existem alguns sistemas meteorológicos, como é o caso dos VCAN’s, que costumam trazer chuvas para o Nordeste, durante a pré-estação chuvosa (meses de dezembro de janeiro). Além disso, a influência do Atlântico também é decisiva para definir a condição climática da região, como explicamos neste post.  

A imagem acima, do satélite Meteosat-10 (vapor atmosférico), mostra a atuação do VCAN, no último dia 07 de janeiro. Você pode observar que na área central e oeste do Nordeste brasileiro, a influência das bordas do sistema deixou o tempo instável, com muitas nuvens em alguns momentos. A chance de chuvas aumentou, inclusive com temporais isolados, em alguns municípios da região. Essa condição permaneceu por vários dias, durante a semana.

Quando o VCAN se forma, costuma atuar de forma dinâmica, posicionando-se ora sobre a área oceânica, ora sobre o continente. A localização do seu centro (seco) e das suas bordas (úmida) influencia diretamente nas condições de tempo da região.

Imagem do satélite Meteosat-11

Você pode observar em outra imagem do Meteosat, gerada no último dia 09 de janeiro, que o centro do VCAN estava na área oceânica, próximo à costa leste do Rio Grande do Norte. A influência das bordas desse sistema provocou chuvas fortes em vários municípios do Nordeste.

Imagem do satélite GOES-16 mostra VCAN Nordeste

Já a imagem do satélite GOES-16, atualizada no dia 14 de janeiro, destacou núcleos de instabilidade na porção norte do Nordeste brasileiro. Há chance para chuvas no Nordeste e em vários lugares do Brasil, pela atuação do VCAN, Alta da Bolívia, Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e frente fria. Para saber mais sobre cada um desses sistemas meteorológicos, acesse este post.

Mas há também a presença de massas de ar seco no sul do Semiárido brasileiro e na região Sul do Brasil. 

No dia 15 de janeiro, o VCAN seguiu sua dinâmica de deslocamento, desta vez pelo interior do continente. De acordo com a imagem atualizada do satélite Meteosat-10, o centro do sistema agora está no norte da Bahia.

VCAN está no sul da Bahia_El Niño

A influência das bordas desse sistema continua deixando o tempo instável, com muitas nuvens, em alguns momentos do dia, no oeste e norte do Nordeste brasileiro. A chance de chuvas deve aumentar, inclusive com possibilidade de temporais isolados, em alguns municípios da região. 

Mapeamento mostra redução da seca no Nordeste, Amazônia e área central do Brasil

Mapa da intensidade da seca, processado no QGIS

O mapeamento da intensidade da seca nas regiões brasileiras, feito pelo Laboratório Lapis, é o mais atualizado divulgado para todo o Brasil. Comparando com a média histórica, os dados de satélite mostram redução importante da seca no Nordeste brasileiro e na área central do Brasil. A Amazônia também continua com essa tendência, observada desde dezembro, de alívio à situação de severa seca.

Na última semana, a condição de seca moderada se concentrou em áreas do Centro-Oeste, principalmente no Mato Grosso do Sul, além do Paraná, Santa Catarina e leste de São Paulo.

A imagem gerada com dados de satélite do último dia 06 de janeiro, fornece informações sobre a intensidade da seca, a partir da integração de um conjunto de variáveis, comparando sempre com a média histórica, como umidade do solo, déficit de precipitação, índice de vegetação e volume dos corpos d’água.

O mapa da intensidade da seca compara a quantidade de água disponível nos solos, em determinada área, com a média histórica (período de 1961 a 2010). A intensidade da seca é classificada em categorias: normal, fraca, moderada, severa, extrema e excepcional. Cada classe de intensidade da seca representa uma probabilidade de retorno do período de seca.

Nas áreas com registro de seca excepcional, tem-se o seguinte cenário:

1) Umidade do solo: o solo é seco, com déficit de umidade do solo a longo prazo;

2) Precipitação: déficit severo de precipitação, aumentando o risco de incêndios florestais;

3) Vegetação: perda de rendimento agrícola esperado de 20-40%. O impacto da seca nas pastagens se manifesta na disponibilidade de ração para o gado;

4) Corpos d'água: os fluxos dos rios e os níveis dos reservatórios de água são baixos. Pequenos corpos d'água podem secar.

Mais informações

O Laboratório Lapis treina usuários por meio do seu Curso de QGIS "Mapa da Mina", do zero ao avançado. Para participar dessa formação especializada, que visa capacitar e aperfeiçoar as habilidades dos usuários para exercer atividades profissionais específicas na área de Geoprocessamento, clique neste link.

COMO CITAR ESTE ARTIGO:

LETRAS AMBIENTAIS. [Título do artigo]. ISSN 2674-760X. Acessado em: [Data do acesso]. Disponível em: [Link do artigo].

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