Há 50 anos, os satélites Landsat monitoram as mudanças na superfície terrestre. O primeiro deles foi lançado pelos Estados Unidos, em julho de 1972. Ao reunir dados do programa Landsat e de outros satélites, os pesquisadores podem reconstruir padrões históricos de mudança na paisagem e prever tendências.
Com dados do Landsat, é possível monitorar a cobertura florestal, situações de seca, danos por incêndios florestais e outros tipos de mudança no uso do solo.
Uma das aplicações dos dados do Landsat é para analisar a mudança na vazão dos rios, em situações de alterações na bacia hidrográfica, pelo impacto da construção de grandes represas.
Como exemplo, observe as imagens Landsat do rio Xingu, onde foram construídas as represas do Complexo Belo Monte, para produção de energia elétrica.
Belo Monte é a quarta maior usina hidrelétrica do mundo, com capacidade instalada para gerar 11.233 megawatts (MW) de energia elétrica. Desse total, 11.000 MW é a capacidade da Casa de Força Principal (Belo Monte) e cerca de 233 MW da Casa de Força Complementar, da represa Pimental.
Dados do satélite Landsat destacam a enorme redução na vazão do rio Xingu, depois da construção do Complexo Belo Monte. Compare as imagens do antes e depois.
A primeira imagem é de 26 de maio de 2000 e mostra a grande vazão do rio Xingu, antes da construção do projeto Belo Monte.
Já a segunda imagem retrata a situação em 20 de julho de 2017, depois da construção da represa, com perda de grande parte do volume de água.
Em 2021, a proposta de novas alterações, para aumentar a produção da Usina Hidrelétrica Belo Monte, tem potencial para praticamente secar a vazão do rio, na Volta Grande do Xingu. Esse é um trecho do rio Xingu, que fica abaixo das usinas de Belo Monte, no município de Altamira, no Pará.
A concessão autorizada pelo Ibama, em fevereiro de 2021, leva à redução extrema do volume de água do rio. Segundo especialistas, essa seca do rio impacta pelo menos 80% das espécies de plantas e peixes locais, bem como a manutenção da floresta.
A história do empreendimento de Belo Monte também é marcada, desde o começo, por intensos impactos humanos e injustiça social. Duas etnias indígenas e diversas comunidades ribeirinhas que vivem ali, a exemplo de pescadores, não conseguem mais tirar o seu sustento do rio Xingu.
A grande curva do rio Xingu, como mostrada na imagem, é reverenciada pelas comunidades indígenas locais como a "Casa de Deus". O manacial é considerado, portanto, um lugar sagrado. E isso não apenas pela cultura e religião desses povos, mas uma fonte importante de peixes, transporte e água, para árvores e plantas.
Desde 2006, há um conflito ambiental naquela área, com constantes disputas judiciais. De um lado, há o poderoso setor elétrico, que busca aumentar o acúmulo de água nas represas de Belo Monte; de outro, ambientalistas e Ministério Público contrários ao risco de colapso dos ecossistemas de Volta Grande.
E você, acha que os benefícios gerados pelo projeto Belo Monte justificam o custo socioambiental dos seus impactos?
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LETRAS AMBIENTAIS. [Título do artigo]. ISSN 2674-760X. Acessado em: [Data do acesso]. Disponível em: [Link do artigo].
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