Estiagem ainda predomina e afeta a agricultura brasileira



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Na última quinta-feira, dia 08 de abril, a Agência de Meteorologia e Oceanografia dos Estados Unidos (NOAA) confirmou que o La Niña ainda persiste no oceano Pacífico equatorial. Todavia, no mês de maio, é provável haver uma transição para a condição de neutralidade do fenômeno (sem La Niña ou El Niño).

Isso significa que atualmente o La Niña está mais fraco e caminho para o seu fim, o que deverá ocorrer até o fim do outono, no mês de junho.  

De acordo com os registros, o atual evento de La Niña teve seu pico de resfriamento, no período de outubro a dezembro de 2020, com temperaturas médias mensais chegando a -1,3 °C (mais frias do a média de longo prazo, comparada ao período de 1991-2020).

A média das temperaturas das águas do Pacífico, de janeiro a março, foi de -0,9 °C (mais fria do que a média histórica). Em março, a atmosfera ainda se mostrou acoplada ao Pacífico tropical, característica do La Niña, embora já tenha indicado uma resposta mais fraca.

Com isso, os meteorologistas da NOAA indicaram 80% de chance de, até maio, permanecer a condição de La Niña ou de neutralidade, no oceano Pacífico tropical. A probabilidade é de que essas mesmas condições também predominem de maio a setembro.

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O que esperar do clima para a agricultura nos próximas meses?

Previsão climática para maio. Fonte: ECMWF. Elaboração: Lapis.

O mapa acima apresenta a previsão climática, para o mês de maio, com base em informações do modelo climático ECMWF. As áreas em branco indicam chuvas em torno da média; em bege e marrom, chuvas abaixo do normal; e em verde, chuvas acima da média histórica.

De acordo com o mapa, o Sul do Brasil, o setor norte e o litoral do Nordeste serão as áreas mais afetadas por volumes de chuva abaixo da média, no próximo mês.

A agência norte-americana, responsável pelo monitoramento dos oceanos, indicou que a chance de neutralidade esperada é de 80%, no trimestre de maio a julho, enquanto a de La Niña foi estimada em apenas 20%.

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De acordo com o meteorologista Humberto Barbosa, do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), esse cenário climático indica chuva abaixo da média, no período que vai de abril a junho, em grande parte da região Nordeste e no Centro-Sul do Brasil.

No Nordeste, as oscilações da temperatura das águas do Atlântico Sul, não têm contribuído com a formação de chuvas. Por isso, a precipitação tem sido abaixo do normal.

Embora atualmente as temperaturas do Atlântico Sul se apresentem neutras ou levemente mais aquecidas, tem havido muita instabilidade nessa região oceânica, influenciando no clima do Nordeste, exatamente durante o período chuvoso.

De acordo com as previsões, a tendência é de neutralidade na temperatura das águas do Atlântico Sul, em maio, e de maior aquecimento, no mês de junho. 

Com isso, os agricultores têm perdido suas lavouras de sequeiro, pois as plantações não tiveram umidade suficiente para se desenvolver.

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La Niña fraco continua provocando estiagem no Sul

No Centro-Sul, a chuva abaixo da média ainda está ligada ao La Niña, embora o fenômeno já se encontre em processo de desaparecimento.

Vale lembrar que mesmo com o La Niña fraco, o fenômeno continua presente e influenciando o clima global. E esse fato é significativo, já que o fenômeno costuma tornar as condições mais propícias para eventos climáticos extremos, como estiagem, sobretudo no Sul do Brasil.  

De acordo com a NOAA, na próxima primavera e no verão, há maior chance de volta do La Niña (50%) ou mesmo de neutralidade do fenômeno (40%). A possibilidade de ocorrer um El Niño ainda é muito remota. Com isso, a expectativa é que o inverno, no Centro-Sul do Brasil, ocorra em um cenário de neutralidade, ou mesmo de volta do La Niña.

No período de julho a setembro, as previsões indicam chuva em torno da média, em grande parte do Brasil. Para os agricultores do Centro-Oeste, onde o ciclo do milho safrinha está atrasado, há expectativas de chuva para a segunda safra. Todavia, embora haja previsão de chuva acima da média, ela ficará concentrada no mês de abril, enfraquecendo nos próximos meses.

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Para a região Sul, a previsão é de chuva abaixo da média. A partir de outubro, o período chuvoso vai retornar ao Centro-Sul, com maiores volumes de chuva, esperadas para o Sudeste, Bahia e Goiás. Todavia, o Sul poderá continuar enfrentando períodos de estiagem.

A imagem de satélite acima destaca a atual condição da umidade do solo, nas regiões brasileiras. De acordo com o mapa, as regiões Nordeste e Centro-Oeste são as mais afetadas pela estiagem.

Na última semana, houve melhoria na umidade dos solos do setor norte do Nordeste, em razão das recentes chuvas. O norte de Minas Gerais, oeste de São Paulo e norte do Paraná também são áreas afetadas pela estiagem.

O mapa foi processado pelo Laboratório Lapis, com dados do satélite Soil Moisture and Ocean Salinity (SMOS). Essa importante ferramenta agrometeorológica foi elaborada no software de geoprocessamento QGIS

>> Leia também: Radiografia atualizada da seca, em fevereiro de 2021

Mais informações

Para aprofundar o conteúdo deste post, indicamos a leitura dos Livros:

- Livro “Um século de secas”: uma explicação completa sobre clima, La Niña, estiagem e monitoramento por satélite;

- Livro “Sistema Eumetcast”: aplicações de dados de satélites ao monitoramento agrícola.  

COMO CITAR ESTE ARTIGO:

LETRAS AMBIENTAIS. [Título do artigo]. ISSN 2674-760X. Acessado em: [Data do acesso]. Disponível em: [Link do artigo].

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