Chuvas deixam vegetação do Semiárido quase toda verde


Monitoramento por satélite da cobertura vegetal do Semiárido, durante a maior seca do século (2011-2016). Fonte: Livro "Um século de secas".


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Este post apresenta mais uma atualização da situação climática das regiões brasileiras, a partir de mapas, com informações obtidas junto ao Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis).

Os mapas e as imagens utilizadas neste post fazem parte do portfólio de produtos de monitoramento semanal por satélite do Laboratório. Com essas ferramentas, é possível se manter atualizado sobre variáveis como distribuição da chuva, cobertura vegetal, umidade do solo, intensidade da seca, El Niño e situação climática atual, em qualquer área do território brasileiro.

Mapeamento mostra cobertura vegetal do Semiárido quase toda verde

Mapa da cobertura vegetal no Semiárido_QGIS

Semanalmente, o Laboratório Lapis divulga o mapa da situação da cobertura vegetal do Semiárido brasileiro, baseado em dados de monitoramento por satélite. Observe a saúde da vegetação na região, do período de 01 a 07 de abril deste ano.

De acordo com o mapa atualizado, baseado em dados do satélite Meteosat, a cobertura vegetal do Semiárido brasileiro está quase toda verde. É visível a recuperação da cobertura vegetal na região, em função das chuvas recentes. 

A atualização do monitoramento é feita a partir do processamento do mapa do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI), no software livre QGIS.

Quando o Semiárido está com cobertura vegetal verde, é possível identificar as áreas degradadas, a partir do mapa de NDVI. Você pode observar que o reverdecimento da vegetação destaca áreas em vermelho muito intenso, em alguns estados. São áreas deterioradas, onde a vegetação não conseguiu se recuperar, mesmo com chuvas suficientes. O destaque é para a bacia do rio Rio São Francisco, que enfrenta um sério processo de degradação.

O mapa de NDVI é um dos índices de seca mais utilizados, por permitir estimar os impactos diretos do estresse hídrico na vegetação. É um dos indicadores amplamente utilizados para monitoramento da seca, pelos impactos diretos do estresse hídrico sobre a vegetação. 

De maneira simples, entende-se que as áreas com cobertura vegetal saudável aparecem no mapa na cor verde, enquanto as áreas com vegetação sob estresse hídrico, por conta da estiagem, aparecem em amarelo ou vermelho. Em alguns casos, todavia, o vermelho intenso também indica a existência de áreas degradadas ou de solo desnudo.

O NDVI utiliza a diferença entre as reflectâncias do Infravermelho próximo e do Vermelho, do espectro eletromagnético, produzindo valores que variam de -1 a 1. Na prática, os valores negativos representam água, estruturas construídas, rochas, nuvens e neve; valores em torno de zero significam solo exposto; e valores acima de 0,6 se referem à vegetação saudável.

>> Leia também: Seca se expandiu pela bacia do São Francisco nas últimas décadas

Lançado novo mapeamento da cobertura vegetal para todo o Brasil

Mapa da cobetura vegetal_QGIS 

O Laboratório Lapis lançou um novo mapeamento atualizado da cobertura vegetal das regiões brasileiras, com análise das áreas com cobertura vegetal saudável ou com impactos de seca. O mapa semanal foi gerado no software livre QGIS, com dados do período de 01 a 07 de abril.

O produto foi processado a partir do processamento do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI), com dados do satélite Meteosat e resolução de 3 km.

Em sensoriamento remoto, índices de vegetação são valores numéricos usados para modelar ou avaliar as características da cobertura vegetal, tais como área de folha da planta, biomassa total, estado geral de saúde e vigor da vegetação de superfície.

Os índices espectrais de vegetação são geralmente compostos por radiância ou reflectância, das regiões do Vermelho e do Infravermelho próximo (áreas específicas do espectro eletromagnético, presentes nos sensores de satélites).

Na medida em que as plantas crescem, podem refletir fortemente nos comprimentos de onda, da região do Infravermelho próximo. Combinações do espectro Infravermelho próximo, Vermelho e parte do Visível são usadas para gerar uma variedade de diferentes índices.

O mapa semanal demonstra a interação da radiação solar, em contato com a vegetação, onde a vegetação saudável absorve a maior parte da luz visível, que a atinge e reflete grande parte da luz Infravermelha (áreas em verde, nos mapas). Vegetação não saudável ou esparsa (à direita) reflete mais luz visível e menos luz infravermelha (áreas em vermelho ou amarelo).

Por se tratar de um índice amplamente utilizado até os dias atuais, o NDVI tem sido explorado em diferentes abordagens, em estudos climáticos, ambientais e agrometeorológicos.

>> Leia também: Brasil perdeu 55% das áreas de Agreste para o Semiárido, mostra estudo inédito

Monitoramento destaca áreas atualmente secas nas regiões brasileiras

 Mapa da cobetura vegetal_QGIS

O Laboratório Lapis é a instituição que divulga mapeamentos baseados em dados de satélites com maior frequência temporal no Brasil. O novo mapeamento semanal da intensidade da seca nas regiões brasileiras, comparado com a média histórica, destaca ausência de seca em quase todo o Semiárido.

Com dados de satélite atualizados em 04 de abril, você pode observar que uma condição de seca severa se concentra no Mato Grosso do Sul e no Paraná. Também há estiagem no leste do Sudeste brasileiro.

Em praticamente todo o Semiárido brasileiro, há chuvas normais ou acima da média, com registro de alta umidade do solo. Há ausência de seca em quase toda a região.

O mapa fornece informações sobre a intensidade da seca, a partir da integração de um conjunto de variáveis, comparando sempre com a média histórica. São dados de umidade do solo, déficit de precipitação, índice de vegetação e volume dos corpos d’água.

O mapa da intensidade da seca compara a quantidade de água disponível nos solos, em determinada área, com a média histórica (período de 1961 a 2010). A seca é classificada em diferentes intensidades: normal, fraca, moderada, severa, extrema e excepcional. Cada classe de intensidade da seca representa uma probabilidade de retorno do período de seca.

Para saber como gerar mapas e produtos de monitoramento como estes, baixe nosso e-book gratuito “Como dominar o QGIS: o guia completo para mapeamento” e conheça o método original “Mapa da Mina, do Laboratório Lapis. O Livro é similar a um curso de curta duração, inclusive com uma parte prática para você processar dados no QGIS. 

>> Leia também: Semiárido brasileiro tem nova delimitação desde janeiro de 2024

Mapa mostra distribuição das chuvas no começo de abril

Mapa da cobetura vegetal_QGIS

O mapa semanal da precipitação, baseado no Índice de Precipitação Padronizado (SPI), destaca como foi a distribuição das chuvas nas regiões brasileiras, no período de 01 a 07 de abril deste ano.

Você pode observar no mapa que a estiagem atingiu grande parte da Bahia e do norte de Minas Gerais, com chuvas escassas também no sul do Piauí, Semiárido de Sergipe e sudoeste de Pernambuco. Isso ocorreu em razão de uma forte massa de ar seco, que atingiu a região, durante o período.

Na região Sul, no sul de São Paulo e do Mato Grosso do Sul, esse sistema de alta pressão trouxe predomínio de estiagem, durante o período.

Já na porção norte do Nordeste brasileiro, após uma trégua da massa de ar seco, na última semana, as chuvas voltaram. Você pode observar no mapa abaixo, recortado para a nova delimitação do Semiárido. 

Os mapas fazem parte do portfólio de produtos de monitoramento por satélite, gerados semanalmente pelo Laboratório Lapis. Com essa ferramenta, é possível se manter atualizado sobre a distribuição das chuvas, em qualquer área do território brasileiro, com frequência mensal ou semanal.

O mapa foi gerado no software livre QGIS, a partir do cálculo do Índice de Precipitação Padronizado (SPI). Esse índice de seca permite analisar a duração, a frequência e a gravidade das secas meteorológicas, usando dados do Climate Hazards Group InfraRed Precipitation with Station data (CHIRPS).

Este mapa é um dos produtos de satélites gerados com a aplicação do método “Mapa da Mina”, do Laboratório Lapis. Para conhecer como funciona o mesmo método usado pela equipe interna do Lapis, baixe o e-book gratuito mais completo do Brasil “Como definir o QGIS: o guia definitivo para mapeamento”

>> Leia também: Entenda em 7 pontos o surgimento de áreas áridas no Brasil

Março terminou com chuvas mais frequentes no Sudeste e Centro-Oeste

 

De acordo com o monitoramento do Laboratório Lapis, baseado em dados de satélites, as chuvas ficaram mais frequentes no Sudeste e Centro-Oeste, no fim de março. A porção norte do Nordeste e a Amazônia também tiveram chuvas regulares, no período de 24 a 31 do último mês.

Já na Bahia e no norte de Minas Gerais, as chuvas foram mais escassas, em razão de uma massa de ar quente e seco, trazendo calor e estiagem. O sul de São Paulo e Mato Grosso do Sul, além de toda a região Sul do Brasil, também enfrentou estiagem, durante o período.

Como mostra a imagem abaixo, do satélite Meteosat-10, canal vapor d’água, uma massa de ar seco continua atingindo a região, neste início de abril.

Imagem do satélite Meteosat_QGIS

O processamento do mapa do número de dias secos é uma ferramenta que permite analisar a frequência das chuvas nas regiões brasileirasÉ um dos produtos de satélites gerados semanalmente pelo Laboratório Lapis. Todos os dias, atualizamos a situação climática nas regiões brasileiras, a partir de diferentes tipos de produtos de satélites/mapas/índices de seca. 

No mapa, as áreas na cor marrom indicam onde não ocorreu chuva, nos últimos sete dias consecutivos. Já as áreas em verde mostram onde houve chuva significativa ou os locais que tiveram apenas 1 a 2 dias sem chover, durante o período.

O mapa foi elaborado com dados oriundos do produto CHIRPS. O parâmetro utilizado baseia-se no número de dias secos, ou seja, quando o satélite não registrou chuvas, em 24 horas.

>> Leia também: Previsão indica rápido surgimento do La Niña a partir de junho

Inscrições abertas para treinamento em QGIS

Se você quer gerar esses tipos de mapas ou produtos de monitoramento por satélite, o Laboratório Lapis treina usuários para dominar o QGIS, do zero ao avançado, em seu Curso online “Mapa da Mina”. É o único treinamento prático e especializado no Brasil, similar a um MBA, que capacita usuários para exercer atividades de alto nível em geoprocessamento.

Conheça o mesmo método usado pela equipe interna do Laboratório Lapis para gerar qualquer tipo de mapa ou produto de monitoramento por satélite. Inscrições neste link

COMO CITAR ESTE ARTIGO:

LETRAS AMBIENTAIS. [Título do artigo]. ISSN 2674-760X. Acessado em: [Data do acesso]. Disponível em: [Link do artigo].

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