Chuvas aliviam fumaça das queimadas na Amazônia e no Centro-Sul



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Desde o dia 09 de setembro, o Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) previu a passagem de um pulso úmido da Oscilação Madden-Julian (OMJ) pelo Brasil. Na ocasião, o meteorologista Humberto Barbosa, fundador do Laboratório, indicou a possibilidade de mudança nas condições de tempo na Amazônia e no Centro-Sul do Brasil, neste fim de semana (dias 14 e 15 de setembro).

“A passagem da fase úmida da Oscilação Madden-Julian contribui para romper o bloqueio atmosférico na Amazônia e no Centro-Sul. Essa condição vai trazer alívia à seca, a onda de calor e à fumaça das queimadas nessas regiões”, alertou o meteorologista.

No sábado, dia 14 de setembro, imagens de satélites já mostravam redução da massa de ar seco nessas regiões. A fase úmida da OMJ potencializou a influência da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) sobre chuvas na Amazônia e da frente fria sobre áreas do Centro-Sul.

 redução da massa de ar seco_QGIS

A OMJ é uma onda de nuvens profundas, movendo-se para o leste, acompanhada de perturbações de tempestades, chuva, ventos e anomalias de pressão. Ela se move ao redor de todo o Planeta, pelo Equador, no período de 30 a 60 dias. O fenômeno é monitorado diariamente pelo Laboratório Lapis, com análises atualizadas sobre sua influência nas condições de tempo das regiões brasileiras.

A onda atmosférica é caracterizada por uma propagação, para o leste, de grandes regiões de chuvas tropicais, ora intensificadas ora reprimidas. O fenômeno possui uma fase úmida e uma seca, contribuindo para definir situações de chuvas ou estiagem, ao longo da sua trajetória. A passagem da sua fase úmida atua como um fator de influência, potencializando sistemas causadores de chuva.

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Bloqueio atmosférico da Amazônia em breve será rompido

Chuvas na Amazônia brasileira_QGIS

O bloqueio atmosférico na Amazônia brasileira e em áreas do Centro-Sul teve uma trégua, confirmando a previsão inicial do Laboratório Lapis. A imagem do satélite GOES-16 mostra tempestades com raios na Amazônia (Veja os vários pontos destacados em verde).

Desde a última sexta-feira, dia 13 de setembro, a ZCIT, principal fenômeno que leva chuvas para o Norte do Brasil, ficou mais ao sul, com uma leve inclinação na direção da Amazônia. Nas últimas semanas, ela esteve posicionada mais para o Hemisfério Norte, dificultando a chegada de umidade para aquela região.

“Já se observam algumas áreas de instabilidade e perturbações na área equatorial. Além disso, nos próximos dias, a fase úmida da OMJ vai favorecer sistemas que causam chuvas na Amazônia brasileira”, explica Humberto.

A OMJ úmida traz uma variação de anomalias de ventos e pressão, intensificando sistemas causadores de chuvas na região tropical. O fenômeno não provoca chuvas, mas impulsiona os sistemas meteorológicos em atuação favoráveis à precipitação.

“As chuvas deste fim de semana, como havíamos previsto, trouxe um alívio para a fumaça na Amazônia. E o canal da frente fria que liga o Centro-Oeste ao Sudeste já atinge a região mais crítica das queimadas, principalmente o Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul. Ela pode se desviar para o Oceano, mas já aliviou a situação. No dia 19 de setembro, há expectativa para uma nova frente fria no Centro-Sul”, ressalta o meteorologista.

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Imagens de satélite mostram redução da massa de ar seco

imagem frente fria satélite meteosat

A imagem do satélite Meteosat-10, processada no dia 15 de setembro, mostra áreas de instabilidade sobre o oeste e nordeste da Amazônia, devido a áreas de baixa pressão, associadas à ZCIT. Há ainda a influência de efeitos locais, como temperatura e umidade elevadas.

Neste fim de semana, o avanço gradual de uma frente fria, em direção ao Paraná e São Paulo, deixa o tempo instável no Centro-Sul, com aumento da possibilidade de chuva. As temperaturas tendem a ficar mais amenas, com exceção da faixa norte da região, onde o calor ainda persiste.

Ventos intensos próximo de São Paulo podem causar tempestades de areia e poeira densa no estado, como ocorreu em outubro de 2021. Naquele ano, a enorme nuvem de poeira causou céu avermelhado nos municípios paulistanos de Franca, Ribeirão Preto, Araçatuba, Barretos e Presidente Prudente.

>> Leia também: “Não há justificativa climática para pico de queimadas em São Paulo”, afirma cientista

Chuvas aliviam situação dos incêndios florestais na Amazônia

queimadas na Amazônia

A MJO surge no oceano Índico e se desloca para o leste, pelo oceano Pacífico. Essa onda aumenta a formação de tempestades tropicais, ao atingir a costa oeste da América do Sul. O fenômeno se manifesta em duas fases. São elas:

1) Fase quente e úmida: ocasionada pela ascensão do ar quente na atmosfera, processo que dá origem a nuvens de chuva;

2) Fase seca e fria: quando ocorre o movimento vertical descendente do ar frio, caracterizado por céu claro e seco.

A imagem abaixo mostra uma fase úmida da OMJ, com movimento ascendente, em grande parte do centro-oeste da América Central e América do Sul. Os tons em azul indicam onde chuvas e tempestades cobrem o Planeta. Você pode ver regiões na cor azul, com a onda se movendo para o leste, ao longo do Equador, entre o oceano Índico e a costa oeste da América Central ou do Sul.

Oscilação Madden_Julian_QGIS

O segundo mapa mostra a tendência da OMJ para os próximos 40 dias, de 09 de setembro a 19 de outubro. O azul indica condições úmidas favoráveis à chuva. À medida que o pulso úmido (em azul) se aproxima do oeste da América Sul, espera-se aumento de tempestades tropicais na Amazônia brasileira e no Brasil central.

Oscilação Madden-Julian previsão

Essa condição pode favorecer o retorno das chuvas, um alívio na onda de calor e a esperada diminuição dos incêndios florestais provocados por ação humana. O pulso úmido da OMJ pode romper o bloqueio atmosférico e intensificar algumas condições meteorológicas, a exemplo de uma frente fria que se aproxima do Sul do País.

>> Leia também: La Niña não vem, e agora? Laboratório divulga nova previsão climática

Atlântico Sul será decisiva para situação climática da Amazônia

No atual cenário de continuidade da neutralidade do Pacífico (sem El Niño e sem La Niña), a temperatura da superfície do Atlântico Sul se torna decisiva para uma trégua na seca da Amazônia

Atualmente, na costa leste do Nordeste, as águas estão mais frias que o normal, enquanto na costa do Centro-Sul, estão mais quentes do que a média. Essa condição não é favorável às chuvas na Amazônia. O Atlântico Norte mais quente deixa a ZCIT mais para o Hemisfério Norte. A ZCIT é uma banda de nuvens que se constitui no principal sistema que causa chuvas para as regiões Norte e Nordeste.

De acordo com o Laboratório Lapis, é importante observar como a temperatura das águas do Atlântico Sul se define nas próximas semanas, especialmente na costa do Nordeste.

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COMO CITAR ESTE ARTIGO:

LETRAS AMBIENTAIS. [Título do artigo]. ISSN 2674-760X. Acessado em: [Data do acesso]. Disponível em: [Link do artigo].

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