Boletim semanal atualiza condição climática do Brasil a partir de mapas



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Neste post, vamos atualizar a situação climática das regiões brasileiras, a partir de mapas. As imagens utilizadas fazem parte resultado do monitoramento por satélite, realizado semanalmente pelo Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis).

Com essas ferramentas, que fazem parte do portfólio de produtos do Laboratório Lapis, é possível se manter atualizado sobre as principais variáveis para monitoramento agrometeorológico. São elas: mapa da distribuição espacial da chuva, mapa da cobertura vegetal e da umidade do solo, com informações obtidas por satélite, para qualquer área do território brasileiro.

Mapa da situação da umidade do solo nas regiões agrícolas brasileiras

Mapa da umidade do solo processado no QGIS

Mapa da umidade do solo processado no QGIS.

De acordo com a imagem de satélite, baseada em dados atualizados do último dia 06 de setembro, o percentual de umidade do solo está abaixo da média histórica no Rio Grande do Sul, leste da região Sudeste, grande parte da Amazônia e norte do Mato Grosso. Essa variável é um indicativo do atual predomínio da estiagem e estresse hídrico nos solos dessas áreas.

Já na faixa leste do Nordeste, que vai desde o leste da Bahia até o leste do Rio Grande do Norte, além do Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e extremo sul de São Paulo, os solos estão bastante úmidos.

O conhecimento da umidade do solo é fundamental para a caracterização das secas agrícolas. Com o avanço da tecnologia de sensoriamento remoto e de algoritmos específicos, é possível quantificar o percentual da umidade do solo, a partir de dados obtidos por plataformas de satélite, que utilizam sensores de micro-ondas. As áreas em marrom indicam seca e estresse hídrico, enquanto as áreas em azul ciano sinalizam para alta umidade do solo.

O mapa da umidade do solo é um dos indicadores amplamente utilizados para monitoramento da seca e do estresse hídrico. Esse mapa de alta tecnologia, baseado em dados do satélite SMOS, combina a ciência geográfica com o poder do Sistema de Informação Geográfica (SIG). É uma importante ferramenta, que orienta a tomada de decisão em diversos setores, especialmente na agricultura.

Processado no software QGIS, o mapa do percentual da umidade do solo permite analisar a atual situação da seca, nas regiões brasileiras. Esse é um dos indicadores que fornecem, com maior agilidade, uma radiografia da quantidade de água contida no solo, a uma profundidade de até 5 centímetros (cm).

Este mapa é uma das mais importantes ferramentas para monitoramento agrometeorológico, usando dados de satélites. Se você quer dominar o QGIS para processar e analisar esse e outros indicadores, assista a esta apresentação sobre o nosso método de geoprocessamento “Mapa da Mina”.

O mapa para detectar o início, localização e intensidade de uma seca

Mapa ou imagem de satélite da intensidade da seca processado no QGIS

Mapa da intensidade da seca, processado no software QGIS.

As imagens de satélites se tornaram decisivas para o monitoramento agrícola, especialmente diante do aumento do risco de eventos climáticos extremos, a exemplo das secas mais severas e frequentes. 

Uma das grandes vantagens do uso das geotecnologias, para monitoramento agrícola, é a possibilidade de detecção de uma seca, exatamente quando ela começa. Esse dado permite uma tomada de decisão mais qualificada, em relação a investimentos na produção agrícola.

Um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) demonstrou o quanto a seca se tornou um problema comum aos municípios brasileiros, acarretando inúmeros riscos à produção agrícola.

Em 2020, a região Sul foi a mais afetada por estiagem, impactando 71% dos seus municípios. Já o Nordeste ficou em segundo lugar, com cerca de 65% dos seus municípios afetados pelo fenômeno.

Um dos produtos de satélites utilizados pelo Laboratório Lapis, para monitoramento da condição da seca, em qualquer região do Brasil, é o mapa da intensidade da seca. A imagem foi gerada a partir do cálculo do Índice de Vegetação Padronizado (SPI), com uso do software gratuito QGIS, usando dados do produto CHIRPS.

Inclusive, o Laboratório Lapis desenvolveu um método de geoprocessamento, chamado “Mapa da Mina”, que ensina a dominar o QGIS, do básico ao avançado, para processar e analisar dados de satélites e gerar um portfólio de produtos agrometeorológicos. Para conhecer o método, assista a este vídeo.

A impressionante comparação entre a atual cobertura vegetal do Brasil e o mesmo período de 2014

Os mapas acima mostram a condição da cobertura vegetal nas regiões brasileiras, no período de 22 a 28 de agosto deste ano, em comparação com o período de 14 a 21 de setembro de 2014.

O que chama atenção nos mapas é o aumento do impacto da seca sobre a vegetação neste ano, nas regiões da Amazônia, Centro-Oeste e Sudeste brasileiro. Observe que na região Nordeste, a situação de seca é similar. Porém, a seca é um evento extremo que tem afetado de forma mais recorrente áreas da Amazônia brasileira e do Centro-Sul.

Para a elaboração do mapa, foi utilizada a mesma metodologia de processamento de dados de satélites, usando o mesmo software de geoprocessamento QGIS. Os mapas também foram elaborados com dados do mesmo satélite Meteosat. É claro que ao longo do tempo, houve algumas melhorias no algoritmo que gera a imagem.

Apesar de uma sutil diferença nas cores, de forma geral, a comparação nos permite compreender o forte impacto da seca hoje nas regiões agrícolas brasileiras, principalmente com a influência do La Niña. Além disso, é possível inferir o quanto, nesse período, a seca aumenta as queimadas e a degradação das terras na Amazônia.

La Niña de terceiro ano terá influência até o próximo verão

Mapas mostram situação do La Niña

Imagem de monitoramento mostra situação do La Niña.

A primavera meteorológica abrange o período de setembro a novembro. É a estação de transição de um período mais frio para um período mais quente do ano. Um fator importante para o clima da primavera deste ano será o La Niña, com um histórico conhecido de seus impactos climáticos sazonais. La Niña é uma fase fria do fenômeno El Niño Oscilação Sul (ENOS), do Pacífico.

O La Niña se fortalece, com sua influência crescendo à medida que avançamos para a primavera, devendo se estender até o próximo verão 2022/2023.

O gráfico abaixo mostra os últimos dois anos de anomalias oceânicas, no oceano Pacífico. O primeiro evento de La Niña começou em 2020. No final de 2021, foi um La Niña de segundo ano. Um evento de terceiro ano está previsto para se desenvolver nesta primavera e no verão 2022/2023.

Gráfico mostra situação do La Niña

Situação do La Niña desde 2020.

O La Niña enfraqueceu na primeira metade do inverno 2022. Mas desde meados de julho deste ano, tem se fortalecido novamente. Uma fase específica (quente ou frio) geralmente se desenvolve no final do inverno ou no início da primavera. Assim, espera-se que o La Niña fique mais forte nesse período.

O gráfico, baseado no modelo europeu de previsão do ECMWF, mostra a previsão da principal região ENOS 3.4. É possível observar as águas do Pacífico equatorial mais frias na primavera e no verão 2022/2023. No entanto, a média da previsão permanece dentro do limite da fase La Niña, entrando no verão.

A previsão da temperatura global do oceano do ECMWF mostra que o La Niña está presente em todo o oceano Pacífico equatorial, durante a primavera. Com base nas anomalias, isso parece um evento moderado de La Niña na primavera e verão. Mas um enfraquecimento do La Niña é esperado para o início do próximo ano, com possibilidade de um El Niño no final de 2023.

Mais informações

Os mapas utilizados neste post foram elaborados com uso do método “Mapa da Mina”. Para aprender a dominar o QGIS e gerar um portfólio de produtos de monitoramento agrometeorológico, usando dados de satélite, inscreva-se no Curso de QGIS do Laboratório LAPIS, do básico ao avançado. 

COMO CITAR ESTE ARTIGO:

LETRAS AMBIENTAIS. [Título do artigo]. ISSN 2674-760X. Acessado em: [Data do acesso]. Disponível em: [Link do artigo].

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